quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Conto


Peter Blau|pintura sobre vidro(gentiliza do autor)

AQUELE AZUL




Correção das questões que ficaram por acabar:

7.
O homem reage instintivamente e, face ao desconhecido, tem medo: antes de acender a lâmpada "receoso daquilo que podia ver, daquilo por quem podia ser visto"; depois percepciona o teto como "perigosamente arredondado" e, face à vala - cuja dimensão e razão de ser desconhece - sente um medo inexplicável (l. 15). Impede-o de explorar o espaço (ll. 62-65). É, igualmente, o medo, de outra natureza que o percorre quando pensa afastar-se (l. 80). É ainda com medo que se afasta devagar (l.90).

8. a.
Narrador não participante - focalização interna ( dentro da personagem; vê o que ela vê e sente) : "...mostrou-lhe um grande espaço, ...., pareceu-lhe" (l. 10)
"...esquecido do perigo lá fora" (l. 42) ; "A beleza do impossível, deu consigo a pensar" (l. 34-35)
8. b. Narrador não participante, focalização externa/objetiva: "O homem foi resvalando cada vez mais depressa" (l. 1) ou "Espetou a placa no solo e afastou-se devagar" (l. 89)

Obs. o «como um bicho» já é apreciativo/valorativo por parte do narrador.


11. Tempo ficcionado do futuro, em que a Terra, destruída por uma grande guerra, é um planeta cinzento, morto, coberto de poeira, quase sem água, sem flores. (l. 30). Os descendentes dos que tinham sobrevivido nada possuiam e apenas sabiam vagas histórias ou conhecimentos transmitidos pelos mais velhos. O homem tinha regressado à condição primitiva de luta pela sobrevivência.


GRAMÁTICA O TEXTO

9. 
1 - c
2 - a
3 - f
4 - d
5 - b 
6 - e


Bom descanso. 

Boa sorte para amanhã. 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Atos de fala e atos ilocutórios



ATO DE FALA

O ato da fala (ou ato linguístico) remete para um comportamento verbal, estruturado por regras que asseguram que as intenções comunicativas venham a ser interpretadas como desejamos, pelo(s) nosso(s) interlocutor(es). 

Os falantes devem possuir conhecimentos e capacidades comunicativas capazes de distinguir um pedido de uma ordem, uma intenção de um compromisso, uma promessa de uma desculpa.

Todos sabem que as mesmas palavras podem ter sentidos muito distintos (lembram-se do Sim. Amo-te! ofensivo, dito pelo Fábio?)

Qualquer frase com uma determinada força ilocutória, ao ser enunciada, orienta-se no sentido da realização de três atos:

1) um ato locutório,

2) um ato perlocutório,

3) um ato ilocutório.

Há ainda a assinalar os atos ilocutórios indirectos - frases com marcas de um ato ilocutório estão ao serviço de um outro ato ilocutório.  Querem testar?:

Podes calar-te? (apresenta marcas de uma pergunta, mas não é verdadeiramente: corresponde a um pedido ou, até, a uma ordem.)  


Também a mesma frase pode assumir diferentes valores.

O Rodolfo leu o jornal. (o locutor faz uma asserção.)  

O Rodolfo leu o jornal? (o locutor faz uma pergunta.)  

Rodolfo, lê o jornal! (o locutor faz um pedido ou uma ordem.)


Ato locutório - corresponde à enunciação de palavras e frases que fornecem determinada significação na produção linguística.

Ato perlocutório - refere-se aos resultados ou efeitos produzidos junto do interlocutor pela realização de determinado acto ilocutório. Podem considerar-se actos perlocutários convencer, persuadir, assustar, ajudar ou atrapalhar.

Ato ilocutório - o locutor, ao pronunciar determinada frase, num contexto comunicativo específico, com certas intenções, pretende executar, implícita ou explicitamente, actos como afirmar, avisar, ordenar, perguntar, pedir, prometer, objectar, criticar .

Imagem do início: escritora  Herta Müller, galardoada com o Nobel de Literatura de 2009. 




Apresenta-se uma divisão em tipos básicos de atos ilocutários, de acordo com os objectivos pretendidos:


1) ato assertivo,


2) ato directivo,


3) ato compromissivo,


4) ato expressivo,


5) ato declarativo 


6) ato declarativo assertivo. 

"O Retrato" e os retratos do seu autor


 Manuel da Fonseca


Veio pois aquela manhã, quase no fim do Verão, em que meu pai me levou a casa do Sr. Rodrigo. Até aí, eu só tirara retratos no dia do meu aniversário. Meu pai escrevia a data na parte de trás; dava um à avó, outro aos meus padrinhos, e guardava os restantes. Às vezes, o Fotógrafo, pintura de Hipólito Clemente mostrava-os às visitas. Eram todos eu, desde a idade dos cueiros até ao horrível colarinho de goma, tirado no ano anterior. Em nenhum havia nada de especial: apenas a cara que eu tinha quando os tirei.
Agora, ia para Beja, para longe da família; meu pai já me tinha dito várias vezes que a minha vida ia levar uma grande volta, que estava um homenzinho e tinha de proceder de outro modo: passar a ter juízo.

(...)
a verdade, o Sr. Rodrigo ia tirar o retrato ao fim da minha infância. Era como se alguma par-te de mim morresse e a fotografia viesse a ser o meu rosto nesse momento de morte. Tudo isto, mais o que depois aconteceu, foi a origem daquela expressão que tanto alarmou Delinha. Felizmente que há coisas que se podem remediar; e eu creio ter apagado já da memória da m minha noiva a desgraçada imagem dos meus últimos dias de menino.
(...)


Depois, quando dei por mim, estava em Beja, sozinho, estranho no meio daquela gente, e os professores gabavam-me o juízo e a aplicação ao estudo. Foi uma alegria para meus pais. Dela não comparticipei, pois não podia esquecer os meus amigos de infância, livres e felizes, lá no largo!



Manuel da Fonseca nos tempos de estudante.


Mais imagens/créditos:


http://esmf.drealentejo.pt/manuel-fonseca-fotos.htm

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Funções sintáticas (revisão)


Composição do Predicado


O predicado compõe-se das seguintes formas:


1) Com verbo transitivo directo

- A Ana come um bolo.

- A Ana come um bolo com apetite.


Composto pelo núcleo verbal, complemento directo e modificadores que ocorram.



2) Com verbo transitivo indirecto

- A Ana fala ao João.

- A Ana fala ao João de outros assuntos.

Composto pelo núcleo verbal, complemento indirecto e modificadores que ocorram.



3) Com verbo transitivo directo e indirecto

- A Ana um bolo ao João.

- A Ana um bolo ao João agora.


Composto pelo núcleo verbal, complementos directo e indirecto e modificadores que ocorram.



4) Com verbo intransitivo

- Eles moram em Lisboa.

- A Ana vai a Lisboa diariamente.

- O João corre diariamente.


Composto pelo núcleo verbal, complementos preposicionais e modificadores que ocorram.



5) Com verbo copulativo

- Ele é um óptimo médico.

- Ela continua doente.


Composto por um núcleo verbal e o predicativo do sujeito.



6) Com um complexo verbal

- O João tem trabalhado muito.

- O fogo foi provocado por incendiários.


Composto pelo complexo verbal, complementos e modificadores que ocorram.




Créditos: http://www.prof2000.pt/users/drfilipeaz/pagsparali/exercicios/predicado1.htm

A categoria do Verbo: transitivos e intransitivos


A pedido de vários alunos, aqui fica um apanhado relativo à predicação verbal, a qual tem, como vimos, implicações na natureza das frases, logo, na análise sintática.






Verbos transitivos e Intransitivos
Tópicos:
Verbos Transitivos: Exigem complemento(objetos) para que tenham sentido completo. Podem ser:
- Transitivos diretos
- Transitivos indiretos
- Transitivos diretos e indiretos




Explicitação e exemplos:
Os dois elementos nucleares da frase são o sujeito e o predicado, seja qual for o tipo ou do sujeito ou do predicado.
Estes dois constituintes são a garantia do significado essencial da frase.

Mas observa com atenção as frases seguintes:
1- Nós gostamos de praia.
2- A cidade tem muitas casas.
3- Ela recordava a sua viagem aventurosa.


Se reduzirmos a frase ao sujeito e ao VERBO, o sentido de cada uma das frases não fica garantido. Parece que lhe falta alguma coisa para lhe completar esse sentido. Isto acontece porque os verbos em causa são verbos que necessitam de um complemento que lhe complete o seu sentido.
Nas frases dadas acima, as expressões que vêm imediatamente a seguir ao verbo são indispensáveis para se completar o sentido do verbo, e, portanto, da frase.
Por isso, as frases acima só têm sentido com esse sintagma que tem a função de complemento direto.
·       Aos verbos que necessitam de complemento direto dá-se o nome de verbos transitivos diretos.
·       Outros verbos, para além do complemento direto, necessitam ainda de um complemento indireto:
O pai ofereceu um livro a cada filho.

Teste:
O complemento direto é a resposta à pergunta
Ofereceu o quê?
E a resposta é:
Ofereceu um livro.
O complemento indireto é a resposta à pergunta:
Ofereceu a quem?
E a resposta é:
Ofereceu a cada filho.
a cada filho é o complemento indireto.
Exemplos
(i)              (a) O camião explodiu [aqui].
(b) O camião explodiu.

(ii) [Felizmente], vou ficar em casa.
[Matematicamente], isso está errado.
(iii) A Ana cantou [ontem].
A Ana cantou [mal].
(iv) O rapaz [gordo] chegou.
O rapaz [que tu conheces] chegou.


EXERCÍCIOS - treina os teus conhecimentos em:

 



Imagem: blogbrasil.com.br

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Quem disse que um cão não pode ser protagonista?

Aproveito para publicar a versão escrita da apresentação do Bernardo e do João, em homenagem aos cães que quase todos vós tendes como fiéis amigos


O autor e o livro 





Não só a literatura fez dos cães protagonistas de narrativas e poemas.
Também a pintura prestou homenagem a estes animais que acompanham as várias idades da nossa vida, como testemunham estas imagens de quadros de pintores europeus dos séculos XIX e XX.







Imagens de cães publicadas no blogue: iiiilhaecia.blogspot.pt/2011/07/o-melhor-migo-do-homem-o-caotema.html, consultado em 3 de janeiro de 2013.

"Não Há Tigres Em África"



Contrato de Leitura

Autor: Norman Silver

Nasceu em 1946 na Cidade do Cabo, na África do Sul, e foi morar para a Inglaterra com 22 anos. Antes de fazer da escrita um trabalho a tempo inteiro, trabalhou em centros de recuperação para adolescentes, e é num centro de recuperação onde este trabalhou que se passa uma das ações no livro Não Há Tigres Em África

Título: Não Há Tigres Em África

Editora: Editorial Caminho

Síntese: Este livro fala sobre um rapaz sul africano branco chamado Selwin Lewis (conhecido entre os amigos por "Selly") que se vê obrigado a emigrar com a sua família, deixando para trás uma vida sem preocupações, de luxo, riqueza e sossego em Joburg, África do Sul, para agora ir morar ara Bristol, Inglaterra, onde vê o seu passado assombra-lo novamente, neste caso o rapaz negro que ele matou, onde os seus preconceitos raciais são alvo de muitos problemas, e que ao mesmo tempo vê a sua família ser destruída pelo álcool. 

Reflexão: Gostei muito deste livro, ele fez-me reflectir sobre o quanto a nossa vida pode mudar de um momento para o outro, pois num dia temos tudo o que queremos, e no dia a seguir já não possuímos nada, e também me fez reflectir sobre o quanto as pessoas são cruéis ao ponto de gozar connosco por causa da nossa cor de pele, da nossa raça, ou até mesmo referido no texto pela maneira de como falamos, pelo nosso sotaque, e em que como isto tudo pode levar uma pessoa a cometer suicídio, ou seja, no fundo o que o livro nos quer transmitir é o quanto uma pessoa é vulnerável ao ponto de se deixar levar pelo que os outros pensam.

Passagem do Livro: Página 28 (nesta passagem Selwin refere que a poesia é a melhor coisa do mundo para ele, afirmando que a esta é escrita com uma caneta com tinta de ouro e explica o porquê de ele pensar assim)


Rafael Santos 10ºC nº23

"Saga", de Sophia de Melo Breyner






Sophia de Melo Breyner Andresen (1919-2004)




(carrega na imagem, para ampliar)


Para que nem a Catarina nem nenhum de vós esqueça, quero lembrar que Sophia de Mello Breyner para além de contista, foi particularmente celebrada pela poesia. Aqui deixo um poema, também sobre a temática do mar.

Fundo do mar

No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.

Sophia M. B. Andresen

"Voltar atrás para quê?", de Irene Lisboa



Por pedido dos colegas, aqui ficam versões escritas das leituras realizadas por alguns dos colegas que irão intervir amanhã.
Começamos com a referência ao livro de Irene Lisboa.

Retrato da escritora Irene Lisboa



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

2013 - Livros, leituras e esperança renovada

Desejo-vos a todos um excelente ano de 2013, com renovados projetos e esperanças.

Partilho convosco este poema.

Cântico da Esperança

Não peça eu nunca
para me ver livre de perigos,
mas coragem para afrontá-los.

Não queira eu
que se apaguem as minhas dores,
mas que saiba dominá-las
no meu coração.

Não procure eu amigos
no campo da batalha da vida,
mas ter forças dentro de mim.

Não deseje eu ansiosamente
ser salvo,
mas ter esperança
para conquistar pacientemente
a minha liberdade.

 (...)
Rabindranath Tagore (poeta indiano, sécs. XIX-XX) in "O Coração da Primavera" 


Tradução de Manuel Simões






Atenção: na 6ª feira - apresentação dos livros do contrato de leitura